segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Gramática, O Teatro Mágico - Operários (1933), Tarsila do Amaral - Por Renan Castro

Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
E estar entre vírgulas pode ser aposto
E eu aposto o oposto que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração
Sua pressa, sua prece,
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração
Separados ou adjuntos, nominais ou não
Que encherguemos o fato pra nossa oração
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial
Sejamos também o anúncio da contra-capa
Mas ser a capa e ser contra-capa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar a si mesmo
Pode ser também encontrar-se com Deus.

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Fernando Anitelli

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