sábado, 28 de fevereiro de 2009

Última Parada 174

Sociedade doentia. Em resumo do filme Última Parada 174.
Enredo baseado em fatos reais, no Rio de Janeiro. Quando o destino escolhe separar drasticamente dois meninos de realidades diferentes de suas mães. E juntando os dois, Alessandro e Sandro, conhecidos como “Ale” ao mundo do tráfico e da violência.
Faz repensar na mente conturbada que temos, em decorrência de traumas vividos pela infância, resultando distúrbios futuros no indivíduo. Refletindo diretamente numa sociedade que também sofre com esta delinqüência. Esta fragilidade, que se chama desigualdade.
O filme nos mostra a realidade do RJ, e o desleixo da sociedade por estas duas vidas. No clímax, todos rezam para que tudo acabe, e bem. Quando tragicamente, a situação se inverte, e todos em um instinto bárbaro reverenciam por mais violência.

-> Última Parada 174
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Renan Castro

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Reflexões de Um Primata

Não obstante,
Em pensamentos constantes,
Me faço gente,
Me crio pensante. oO

Em terra de macacos.
Me faço prático,
E a banana que conservo hoje,
Se torna o eterno cacho de outrora.

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Renan Castro.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Gramática, O Teatro Mágico - Operários (1933), Tarsila do Amaral - Por Renan Castro

Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
E estar entre vírgulas pode ser aposto
E eu aposto o oposto que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração
Sua pressa, sua prece,
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração
Separados ou adjuntos, nominais ou não
Que encherguemos o fato pra nossa oração
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial
Sejamos também o anúncio da contra-capa
Mas ser a capa e ser contra-capa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar a si mesmo
Pode ser também encontrar-se com Deus.

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Fernando Anitelli

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Paixão Quente


Paixão quente,
Que acelera o coração da gente;
Teu sorriso é mais que mil sensações envolventes.

Esquenta as minhas artérias,
Até meu sangue ferver por você.

Não posso acreditar que me sinto assim,
Louco e atraído por você.

Tudo em você me faz bem,
Não conseguiria descrever as mil e uma,
Mas uma delas são seus lábios;

Desde o primeiro dia,
Desde o primeiro,
Me apaixonei por eles,

Agradecidos por minha presença,
Ao seu lado.

Afagos,
Mágicos,
Ousados,
Reservados.

Me fazem tão bem,
Que conto as horas para revê-los;
Uma oportunidade é tudo pra mim,
Para reencontrá-los...

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Renan Castro.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Desejo e Sangue

Apreciei ainda mais o gosto de seu sangue ao beijar-lhe os lábios. A respiração entrecortada ficando cada vez mais fraca.
Sua vida se esvaía ao passo em que a minha se renovava. Eram as batidas do seu coração desacelerando aos poucos que me faziam ainda mais vibrar. No entanto, essa vibração era dolorosa.
Havia ainda algo de humano remanescente em mim. Senti arder em meus olhos o marejar, ponto de partida incial de um choro.
Doía a alma que não mais possuía, por privar o mundo de sua presença. Doía pensar na possibilidade de condená-lo à eternidade de viver sem alma, acometido a cada instante de uma fome dolorosamente insuportável.
O que, neste mundo, poderia ser mais cruel que ser uma besta faminta com todos os sentimentos de uma pessoa normal, que simplesmente não consegue controlar os instintos e cuja culpa a acompanha logo em seguida?
E em tua cama, na loucura do desejo, uma fome saciada despertara outra ainda mais incontrolável, irracional.
O teu cheiro, teu suór, tua vibração, teu sangue correndo em alta velocidade e minhas presas se cravaram em teu pescoço.
Hmmm. Teu gosto, sua força sendo transferida para o meu corpo frio.
Finalmente, seus movimentos cessaram, seu corpo jazia inerte entre os lençóis revoltos e, pela minha face uma solitária e condoída lágrima.
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Fabiana Telaroli

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

SONHOS SÃO

Sonhos são partículas de desejos reprimidos, tão perfeitamente camuflados que nós mesmos não os conseguimos reconhecer.
Tinha o sonho de ser letra.
Tinha o sonho de ser música.
Tinha o sonho de ser poema.
Tinha o sonho de ser inspiração.
Já sonhei ser Cristina para caber numa canção.
Já sonhei ser rima, já sonhei compor refrão.
Já sonhei parar o tempo, mas isso é problema sem solução. O tempo é infinito enquanto tempo para o tempo. Para os mortais dura o curto prazo de uma vida. Por mais que nos iludamos que se atrase, ele jamais para. E lá se vai o tempo em sua correria histérica e com ele leva os sonhos que se dissipam.
A idade foi se aproximando sorrateira.
Não fui letra.
Não fui música. Tão pouco fui poema ou inspiração.
Não fui Cristina. Não fiz parte de refrão.
Não fui assobio destoado, muito menos uma bela canção.
Aqui se findam os simples sonhos que para terem se realizado precisavam apenas de alguém com coração.
Tudo o que consegui foi ser número sem efetiva definição.
Fui apenas mais uma vagando por um caminho enfadonho, na mais completa escuridão.
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Fabiana Telaroli

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Latindo Para A Lua


Gritos quebram o silêncio

Acordando da morte da noite

A vingança está fervendo

Ele voltou para matar a luz

Então quando ele encontrar

Quem estava procurando

Ouça em pavor e você o ouvirá

Latindo para a lua


Anos desperdiçados em tormento

Enterrado em uma cova sem nome

Agora ele se ergueu

Milagres deveriam salvar

Aqueles pelos quais a besta está procurando

Ouça em pavor e você o ouvirá

Latindo para a lua


Eles o amaldiçoaram e o enterraram

Junto com a vergonha

E apesar de sua alma ilimitada tenha partido

Para um inferno ardente vazio – o profano

Mas ele retornou para mostrar-lhes seu erro


Uivando em sombras

Vivendo em um feitiço lunar

Ele encontra seu paraíso

Vomitando da boca do inferno

Aqueles por quem a besta está procurando

Ouça em pavor e você o ouvirá
Latindo para a lua.

Ozzy Osbourne

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Inevitável

Atrasado estava para um compromisso que mal sabia.
Mas queria agradar aquela moça que conhecera em outrora. Morena de uma imaculada pele suave e olhos castanhos. Um tipo de beleza indiana, mas com feições européias. Clássica. Havia uma pinta acima de seu olho direito, que a tornava ainda mais deslumbrante.
- Anda! Não quero chegar atrasada. Apressou-se.
Estávamos numa rua quase deserta, era dia. Árvores em canteiros contornavam o lugar harmonioso e calmo. Deparados por uma mansão de três andares e jardim com pequenas árvores e flores que abriam caminho para uma porta principal.
- Aguarde aqui. Não vou demorar.
Afirmei com a cabeça e aguardei do lado de fora, à frente de um portão branco enorme.
O relacionamento entre a agente e o escritor que a aguardava, era neutro. Não demonstravam alguma cordialidade intensa. Não o entendia muito bem, mas sentia o mesmo que sentira há alguns anos atrás quando se conheceram na faculdade. Em alguns minutos, oito ou mais pessoas amontoaram a porta da mansão. Atento com os olhos firmes para ver o que tinha dentro daquela mansão. Quando a porta abriu...
- Neves! É você mesmo?
Reconhecendo a voz, vira-se meio desapontado por não conseguir ver o que queria. Um velho amigo que não via há muito tempo, acompanhado de uma moça exótica. Com uma tatuagem bem marcante em seu braço esquerdo, óculos retangulares e um sorriso estampado. Aparentava ser publicitária ou uma estilista de moda. O velho amigo usava roupas longas, um sobretudo cinza espetacular, mas que não cabia com a incineração de um sol impiedoso.
- Que desapontamento é esse rapaz?
- Não...Não, imagina. Você me pegou distraído, enquanto olhava para aquela mansão; disse Neves com um sorriso meia cara.
- Espero não ter atrapalhado. Mas quando vi esse cabelo desarrumado, esta blusa meio amarrotada dobrada até o cotovelo. Não poderia ser outra pessoa. Inconfundível.
- Ah! Deixe-me apresentá-la. Está é minha noiva, Jamylle. Design de moda da “Grinnfer”,
- Oi, prazer! Cris falou bastante de você. Estudaram juntos no mesmo colegial, não é mesmo?
- Si...
- Cara, como é bom te rever. Como está a sua vida, você se formou em quê? Vai casar? Tem filhos? ; - apressou-se Cristofer com ânimo.
- Calma! Minha vida como você pode ver, não está a das melhores; - Gesticulou mostrando o estado de sua roupa amarrotada.
- Mas estou bastante feliz. Sou escritor e professor de linguagem jurídica de uma faculdade.
-Enquanto casado. – Balançou a cabeça de modo negativo. E filhos muito menos; - sorriu. Mas e você, conte-me?
- Cara, estou com uns rolos aí. Trabalhando a serviço de uns. Às vezes tenho que sair do país, negociar...
Não convencendo Neves de suas afirmações: - É... Deve estar ganhando uma corpulenta dinheirama.
- É meu caro. Tenho quase tudo o que um homem poderia querer; - balançando o braço esquerdo deixando a mostra seu suntuoso relógio de prata.
- Como pode ver Sr. Neves, estou um pouco atrasado. Mas como você está bonito e jovem meu amigo. – sorrindo e batendo com as duas mãos no seu rosto.
- Também é um prazer revê-lo meu caro Cristofer.
- E a Sra. Jamylle, encantado. – inclinou-se e beijou levemente sua delicada mão.
Neves era um homem um tanto romântico, perdido em suas paixões. Mas naquele momento só havia olhos para uma pessoa. Mayara.
- Demorei? – sorriu deixando seu esplendor tomar conta do coração do escritor.
- Não... Encontrei um velho amigo de infância.
- Que bom, Assim pôde distrair enquanto esperava. Fiquei um tanto preocupada por deixar você me esperando. – desanimou sua face.
- Mas, como foi lá? Se saiu bem? – sorriu Neves tentando reanimá-la.
- Depois conversamos sobre isso. – levantando a cabeça e mostrando afeto.
Fazia sete anos que não se viam. Apenas se comunicavam por cartas e e-mails. Não demonstravam nenhum relacionamento aparente. Mas sentiam algo por estar perto um do outro. Os olhares cruzados, os esbarrões dos corpos enquanto caminhavam.
- Então é aqui que você mora?
- É, foi o que consegui arrumar no início da minha carreira. Depois não tive coragem de deixar.
- Bem aconchegante. Sorriu tirando sua arma da cintura. Deixando mostrar suas lindas costas por uns instantes.
- É...é...vo...você n...não quer tomar um banho? – disse trêmulo.
- Algum gato comeu sua língua? – rindo da sua ingenuidade.
- Sim, sim. Quero. Estava um calorão lá fora.
- Já vou providenciar uma toalha, minha hóspede. – sorriu.
- Só tem um problema. Está emperrando quando fecha.
- Não tem problema, estou acostumada a tomar banho de porta aberta.
Neves suava frio. Não acreditava que a mulher de seus sonhos estava ali, apenas a alguns metros de distância. Inquieto, fingia pegar algo na geladeira para ver suas lindas curvas. Aquele sabão que tomava o seu corpo enquanto enxaguava o cabelo. Quando caiu em si, resolveu deitar-se na cama e fechar os olhos para que aquela vontade de abraça-la, beija-la acabasse logo. Afinal faziam sete anos, e apenas trocavam cartas e declarações. Ela poderia muito bem estar namorando ou ter planos com alguém. Para sua infelicidade, mas assim sendo sua felicidade tornava-o feliz também.
Até que ela chaga após o banho em sua direção. Cabelos molhados e uma camiseta branca regata. Sem dizer uma palavra. Subiu em sua cama, tirou o lençol para que pudesse deitar, e engatinhando chegou até seus olhos. Ali o tempo parou.
- Saudade.
- Também. – ela respondeu com um ar sensual.
Um beijo envolvente e dedicado fez a trajetória dos séculos. Tudo parou. Um novo mundo foi recriado. Naquele final de tarde duas almas se tornaram uma.

Um relógio incessante, perdurava distante em seu sonho.
- “ Pi, pi, pi, pi, pi, pi, pi pi...” Seis horas.
Acordou palpitante e, arrancou-lhe a tomada num instante. Não queria acordar aquela princesa e bela, adormecida. Mexeu-se levemente, apenas para se ajeitar.
Admirado com tal beleza irradiante, sorriu e levantou-se sem fazer barulho. Pegou as chaves e foi ao mercadinho da esquina.
Retornando com o café da manhã em mãos, passou em frente uma casa de uma senhora que cultivava flores da índia. Parou, observou se não havia ninguém por perto e, pulou o pequeno muro, arrancou-lhe uma flor até que então...Um cachorrinho daqueles bem barulhentos começou a latir e a correr em sua direção. Saltou o muro apenas com uma das mãos apoiada, sem deixar chances ao catatau.
Ofegante e lépido ao mesmo tempo, abriu vagarosamente a porta. A flor do dia acabara de desabrochar, e em uma envolvente alegria saldou como se fazia a um rei ou rainha. Reverenciando-a:
- Bom dia!
E citou uma redondilha que lhe veio a mente.

...” Vi terra florida
De lindos abrolhos,
Lindos para os olhos,
Duros para a vida;
Mas as rês perdia
Que tal erva pasce
Em forte hora nasce.”

- Luís de Camões, quem ora soubesse onde o amor nasce. Que o semeasse.
Deu-lhe a flor e a beijou.
- Bom dia! Respondeu-lhe lânguida com um sorriso inevitável.



Renan Castro.

Brasil de Mulatas


Brasil de mulatas,
Cores belas entre as claras,
Teus cabelos Afros incendeiam a praia.

De todos os olhos;
Encontram aos seus; Mulata.

De cinco em cinco oferecem sua Graça, de graça...

Que Mulata...

Ao oferecer seus amendoins pela praia.

Renan Castro.